É pra falar...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ciúme



“Pensei que te construía para a multidão. Mas era para mim que te estava construindo.
Queria ser eu só a ver-te, mergulhando na minha admiração. Senti por ti essa espécie de ciúme que deve empolgar um artista que mostra aos estranhos a sua obra. Que é que eles sabem de ti? Eu é que sei onde ficaram as minhas noites, os meus olhos, a minha vontade: como os escultores sabem onde ficaram as suas mãos, os seus intuitos e a obstinação da matéria viva em escapar...
Ninguém te entende senão eu
Ninguém tem o direito de te amar.”

(Cecília Meireles – trecho da peça Ás de ouros)

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Sinto-me um pouco refletida neste texto. Pois eu sinto esse ciúme que invade e me faz achar que o conheço mais, que o sei mais e que o pertenço mais. E ainda, eu terminaria o poema dizendo – “Ninguém tem o direito de te amar senão eu".
Completamente egoísta e possessivo? É, eu sei. Mas não é algo sufocante sem controle. É um cuidado, um zelo misturado ao medo da perda (pior parte).
É estranho esse ciúme que invade, essa vontade de colocar numa redoma. Estranho porque junto com ela vem a certeza de que isso é utópico, é desleal, é impossível...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Quando o ciúme é assim, bom, gostoso, vale à pena. Mas não devemos achar que alguém é de alguém. Ninguém é de ninguém. As pessoas têm o direito de sentir vários amores, se experimentar e de deixar claro seus sentimento. Gostei do post. Beijão.

6:49 AM  
Anonymous Anônimo said...

Beta

Sou assim tb...bjs

10:15 PM  

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